Inserções e apagamentos são ações importantes nas criações visuais de Elisa Wuo. Ela concretiza trabalhos que se fundamentam na adição e na subtração de camadas e de materiais, em um procedimento que tem como um de seus principais desafios saber o momento adequado de parar. O processo de somar técnicas e materiais constitui um sobrepor camadas que vão construindo uma história. Podem entrar números, letras, palavras ou outros elementos que a artista deseja. O contrário demanda raspar ou lavar, gerando esquecimentos do que já existiu. Porém, isso também vai deixando rastros. O resultado final é um documento desses e outros procedimentos. As conversas internas que o trabalho propicia valorizam assim o fazer artístico e mostram como ele está relacionado com a maneira como a artista considera o seu trabalho um campo de experimentações em que não há acertos ou erros, mas numerosos procedimentos. Cada obra é então uma espécie de palimpsesto. Guarda o que por ela passou, tem uma configuração presente e se torna um convite para leituras, reinterpretações e novas transformações. O único limite é não estar aberto a recomeçar a caminhada pelo próprio trabalho, uma complexa e fascinante área de tensões e harmonias.